quarta-feira, 23 de abril de 2008

Porquê, Carolina.

Nascem-lhe caracóis escondidos sobre o cabelo liso. Cresceu, já passa os ombros... O cabelo. Carolina. Tem agora um anel no dedo central da mão esquerda, um anel de brilhantes e não há quem lho arranque, até porque é só um símbolo. Carolina casou com a sua própria solidão. Não sabe o dia, porque se afoga em tantas datas tristes a celebrar, não quer mais uma, a riscar o calendário monótono de um-dia-sempre-após-o-outro. Um anel, tão bonito… Onde estão os dias em que eras bonita, Carolina? Porque dormes há tantos meses nesses braços como se pudessem ser teus, um dia? Oh, Carolina. Um anel. Já marcado no dedo. De onde vem essa magia de transformar em belo os símbolos mais tristes? Estou aqui, vês? Não parti. Não tenhas medo, por favor. E parte, parte, que ficar pode ser mais difícil… Vai embora, se tiveres coragem. Não para partir, para partir sempre tiveste coragem, sempre fugiste. Para ser feliz. Tens c-o-r-a-g-e-m para ser f-e-l-i-z? Como, se essa solidão eterna no dedo central da mão esquerda se espalhou a todo o corpo e criou em ti raízes que nunca dão frutos? Oh, Carolina. Porquê?

A tua,
Beatriz.

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