quarta-feira, 2 de abril de 2008

Larvas

Escreveram-te um poema de desamor, Carolina. Primeira vez. Quantas noites adormeceste à espera de um poema, à espera de estar do lado de lá? E agora o desalento. Desamor. Culpa. Percebes agora o quanto dói? Percebes finalmente que não podes usar palavras de lâminas como se fossem seda; como se fossem só tuas?
P a l a v r a s é t u d o o q u e t e n h o .

Alugo palavras a uma tristeza antiga,
Porque os dias são infinitos.
Alugo palavras gastas
Para escrever durante tardes frias
A mesma ideia,
De todas as maneiras:
Repetida, verso a verso,
Repetida, na violação de silêncios milenares.
Alugo palavras, porque nada me pertence
E sorriu do centro da minha
Tristeza antiga,
Desta vez, as palavras ficam no chão.

2 comentários:

Anónimo disse...

"P a l a v r a s é t u d o o q u e t e n h o ."

Que nunca se te esgotem os sentimentos, que nunca te faltem as palavras, as tuas palavras. Elas soam como músicas de embalar, a quem numa noite fria nada mais faz que procurar sofrimento alheio para reconfortar a própria alma e sentir que não foi o único alvo escolhido pela tristeza.

Beijinho

Beatriz Cruz Soares disse...

Um beijo.
Um obrigada.
E já que estamos num sítio próximo, um até já.