quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Sopa

É uma criança com um prato sujo à frente. Esperneia. Faz birras. Mas está sozinha nessa mesa de jantar, e não há quem vá importar-se. O amor é uma sopa azeda. Ela atira o prato à parede para dizer que não, que não quer mais, que lhe faz mal, que não pode ser nem mais um dia. E fica estendida no chão a pensar que é melhor assim, mas quando anoitece, sem que ninguém veja ou saiba, ela vai até à parede suja, e lambe a sopa amarga e fria, e suja-se com ela e dorme com ela. Todas as vezes são nunca e sempre a última. O amor é uma sopa azeda e o sangue corre inteiro em direcção ao chão.

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