sábado, 26 de janeiro de 2008

Para Sempre

Toda a inocência do mundo num lápis preto do tamanho de um dedo. Minutos infinitos em frente do espelho do quarto. Primeiro a cara rosada transforma-se numa tela em branco, uniforme. Depois os olhos pretos, tão pretos. Duas esferas baças, o mundo. A maquilhagem preta, carregada. São quase dois abismos de segredos. O cabelo avermelhado sobre os ombros, a roupa escura e estranha. Como é que em minutos alguém se transforma num poço de mistérios. Parece a noite. A mala fechada cheia de armas. Tudo tão escuro. Fecha a porta de casa e só volta muito tarde, em pés de lã. E volta sempre muito mais velha, e com mais anos de tristeza nas mãos, para acordar menina no dia seguinte, e ninguém saber o que se passou para sempre.

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